quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Masturbação feminina, que mal tem?

Discutir sobre masturbação na sociedade  atual ainda causa constrangimentos. No entanto, especialistas dizem que a masturbação faz parte da descoberta sexual, sendo natural a prática entre homens e mulheres de todas as idades. Porém, o maior dos tabus é a masturbação feminina. "O sexo só não é tabu na mídia que se propõe a falar sobre isso. Quando se fala em masturbação feminina o caso é mais grave ainda. Se a masturbação masculina é proibida, a feminina é proibida em dobro", explica Devanira Domingues Demarque, psicóloga especialista em sexualidade humana. 

Analisando o contexto social, cultural e histórico da sociedade contemporânea, a masturbação feminina é praticada entre as mulheres, mas é insistentemente negada quando o assunto é colocado em pauta. Para Devanira, o nome masturbação choca a maioria, remetendo a um ato libidinoso. "As mulheres se masturbam, mas não assumem. Se chamássemos de toque a discussão seria mais fácil. A mulher se permite dizer que toca o seu corpo, mas se você insistir que é masturbação, muitas vão negar", afirma. 

Porém, a raiz do preconceito começa desde a infância, quando a maioria dos pais evita discutir o assunto com os filhos. Na maioria dos casos, quando uma menina ou um menino acaricia ou toca seus genitais é reprimido e condenado, propagando a imagem na criança de que a manipulação das partes íntimas é um ato sujo e proibido. "Isso começa desde a infância. O menino pode andar pelado pela casa, a menina precisa cobrir o peito e o bumbum", lembra a psicóloga. 

A reportagem procurou duas mulheres para falar sobre o tema e ambas pediram para não serem identificadas. C.E. tem 28 anos e diz que não tem o hábito de se masturbar, mas faz sempre que tem vontade. "Me lembro da primeira vez que me masturbei. Eu era adolescente, estava descobrindo as coisas", conta. "Acredito que a masturbação feminina não é assumida e de certa forma mal vista. Isso explica o fato de muitas mulheres não conseguirem atingir o orgasmo, porque não conhecem seu próprio corpo", opina. 

S.F. tem 19 anos e costuma se masturbar toda semana. "Não me considero uma viciada, mas acho natural. Me ajuda muito a conhecer meu corpo e se eu estiver afim, pra que passar vontade?", indaga a jovem. "Eu sou uma mulher solteira e é mais fácil admitir que faço isso. Para uma mulher casada ou dentro de um relacionamento é mais difícil, porque envolve seu parceiro. Admitir que se masturba pode trazer uma imagem de vida sexual mal resolvida ou que a mulher tem que fazer isso por incompetência do seu parceiro", analisa S.F. 

Ela afirma que na infância também era advertida pela mãe. "Eu era muito sapeca e minha mãe brigava muito comigo. Ela dizia: 'Tira a mão dai menina'. Era engraçado e não tinha malícia. Eu era apenas curiosa", conta a jovem. 

Apesar dos tabus, algumas mulheres vêm tratando do tema com maior naturalidade. Masturbar-se não é sinônimo de proibição, mas sim de prazer e autoconhecimento do corpo. "No momento do banho a mulher já pode tocar e sentir o próprio corpo. No pescoço é uma sensação, na parte anterior da coxa é outra. O importante é conhecer seu corpo e perceber qual parte lhe dá maior prazer", incentiva a psicóloga.




Fonte: http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-27--74-20111213&tit=masturbacao+feminina+que+mal+tem

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