quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Os perigos de se diagnosticar pela internet

Saiba até onde ela pode te ajudar

É muito frequente que nos dias de hoje as pessoas busquem na internet, principalmente no Google, as causas para os seus sintomas, sejam eles uma dor de cabeça, um mal-estar ou uma cólica. Mas, embora haja muita informação disponível, nem sempre é viável ou saudável se diagnosticar e até mesmo se medicar por conta de “achismos”. Mesmo que a “cura” seja natural, como um chá, por exemplo, você pode estar cometendo um grande erro, afinal, você ainda não sabe se está doente, qual é o seu problema e mais: o que realmente você deve ingerir para realmente melhorar.

Para a neurologista Dra. Célia Roesler, Membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia e responsável pela Clínica Neurovida, o maior perigo é a pessoa interpretar erroneamente uma informação e já achar que está com uma doença incurável ou contagiosa, ficar apavorada e tomar atitudes precipitadas. “Nós sempre pedimos aos nossos pacientes para não consultarem o ‘Dr. Google’ pelos mesmos motivos já citados acima. Se eles não entenderem como deve ser usada a medicação ou a receita caseira, ou mesmo se o diagnóstico que ele fez estiver errado, eles poderão se dar muito mal. Podem piorar um quadro que poderia ser leve usando uma medicação inadequada. Não podemos deixar de citar que mesmo os medicamentos ditos naturais ou fitoterápicos podem ter muitos efeitos colaterais e muitas interações medicamentosas, portanto, somente o médico poderá dizer se tal medicamento tem ou não indicação para aquela doença”.

Ela ainda ressalta a importância da pesquisa em sites fidedignos, já que todo cuidado é pouco em um “mundo” em que qualquer um pode publicar o que quiser. “Os sites mais confiáveis são os das universidades ou das associações reconhecidas pelo Conselho Regional de Medicina, como o ABRAZ (Associação Brasileira de Alzheimer), o ABRELLA (Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica), o SBCe (Sociedade Brasileira de Cefaleia), entre outros”.

O antropólogo Rafael Logrero explica que este fenômeno, conhecido como “cybercondria”, já ultrapassou as pesquisas em sites e invadiram as redes sociais. “É comum vermos no Facebook, por exemplo, ou até mesmo no Yahoo Respostas, as pessoas perguntando que providências devem tomar diante de determinado sintoma. Embora muitos sugiram que elas procurem um médico, sempre tem alguém que arrisca a dar palpites caseiros, como uma receita da vovó, ou compare com algo que ele ou alguém teve parecido e acabe até indicando um remédio. Isto não pode fazer parte dos nossos hábitos, porque só quem é especialista no assunto saberá o que indicar para esta situação. Este ‘poder’ que as pessoas acham que tem nesta fase cibernética em que vivemos muitas vezes pode criar grandes problemas. E este caso é um dos exemplos disto”.


Até que ponto a internet ajuda no caso das doenças?

Segundo a Dra. Célia, às vezes a pesquisa dos sintomas pela internet até pode ser útil, fazendo com que o paciente procure um médico mais rápido devido a alguma informação importante que encontrou sobre o que estava sentindo. “Pesquisar e consultar não fazem mal. O que não se deve é tomar medicamentos que estão indicando. Cada paciente é diferente, não existe uma única receita para uma única patologia. Nós temos de tratar os doentes e não as doenças”.

Ela conta que muitas vezes o paciente já procura os médicos com matérias impressas, com o seu diagnóstico e a proposta de tratamento. “Isso é muito constrangedor, porque eu, como neurologista, faço uma história muito detalhada de tudo que está acontecendo com o paciente, desde que iniciaram os sintomas, o que ele já fez para isso, quais são os seus antecedentes e os de seus familiares. O que menos me interessa é ver o que ele pesquisou, mas por uma questão de respeito ao paciente eu até leio e teço comentários sobre aquilo. Às vezes até concordo com alguma coisa, mas na maioria das vezes não tem nada a ver”.

Por fim, ela dá mais uma dica: “É comum a pessoa ver o resultado dos seus exames pela internet e quando vê algo diferente da referência do laboratório já fica apavorada, vai consultar o Google, faz uma interpretação errônea, chegando a achar que possa até morrer. Por isso, o ideal seria não olhar os exames, mas sim levá-los ao médico solicitante que irá checar os resultados e orientar o paciente”.

Portanto, atente-se de que por mais que haja curiosidade, preocupação e até mesmo uma busca imediata diante de um sintoma, a internet não é a fonte mais segura para sanar os seus problemas. Saiba utilizar a tecnologia disponível a seu favor de forma consciente, para que assim algo tão valioso não entre em jogo, que é a sua saúde.

Por Priscilla Silvestre

Fonte: Baboo

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