Saiba até onde ela pode te ajudar
É muito frequente que nos dias de hoje as pessoas busquem na
internet, principalmente no Google, as causas para os seus
sintomas, sejam eles uma dor de cabeça, um mal-estar ou uma
cólica. Mas, embora haja muita informação disponível, nem sempre é
viável ou saudável se diagnosticar e até mesmo se medicar por
conta de “achismos”. Mesmo que a “cura” seja natural, como um chá,
por exemplo, você pode estar cometendo um grande erro, afinal,
você ainda não sabe se está doente, qual é o seu problema e mais:
o que realmente você deve ingerir para realmente melhorar.
Para a neurologista Dra. Célia Roesler, Membro Titular da Academia
Brasileira de Neurologia e responsável pela Clínica Neurovida, o
maior perigo é a pessoa interpretar erroneamente uma informação e
já achar que está com uma doença incurável ou contagiosa, ficar
apavorada e tomar atitudes precipitadas. “Nós sempre pedimos aos
nossos pacientes para não consultarem o ‘Dr. Google’ pelos mesmos
motivos já citados acima. Se eles não entenderem como deve ser
usada a medicação ou a receita caseira, ou mesmo se o diagnóstico
que ele fez estiver errado, eles poderão se dar muito mal. Podem
piorar um quadro que poderia ser leve usando uma medicação
inadequada. Não podemos deixar de citar que mesmo os medicamentos
ditos naturais ou fitoterápicos podem ter muitos efeitos
colaterais e muitas interações medicamentosas, portanto, somente o
médico poderá dizer se tal medicamento tem ou não indicação para
aquela doença”.
Ela ainda ressalta a importância da pesquisa em sites fidedignos,
já que todo cuidado é pouco em um “mundo” em que qualquer um pode
publicar o que quiser. “Os sites mais confiáveis são os das
universidades ou das associações reconhecidas pelo Conselho
Regional de Medicina, como o ABRAZ (Associação Brasileira de
Alzheimer), o ABRELLA (Associação Brasileira de Esclerose Lateral
Amiotrófica), o SBCe (Sociedade Brasileira de Cefaleia), entre
outros”.
O antropólogo Rafael Logrero explica que este fenômeno, conhecido
como “cybercondria”, já ultrapassou as pesquisas em sites e
invadiram as redes sociais. “É comum vermos no Facebook, por
exemplo, ou até mesmo no Yahoo Respostas, as pessoas perguntando
que providências devem tomar diante de determinado sintoma. Embora
muitos sugiram que elas procurem um médico, sempre tem alguém que
arrisca a dar palpites caseiros, como uma receita da vovó, ou
compare com algo que ele ou alguém teve parecido e acabe até
indicando um remédio. Isto não pode fazer parte dos nossos
hábitos, porque só quem é especialista no assunto saberá o que
indicar para esta situação. Este ‘poder’ que as pessoas acham que
tem nesta fase cibernética em que vivemos muitas vezes pode criar
grandes problemas. E este caso é um dos exemplos disto”.
Até que ponto a internet ajuda no caso das doenças?
Segundo a Dra. Célia, às vezes a pesquisa dos sintomas pela
internet até pode ser útil, fazendo com que o paciente procure um
médico mais rápido devido a alguma informação importante que
encontrou sobre o que estava sentindo. “Pesquisar e consultar não
fazem mal. O que não se deve é tomar medicamentos que estão
indicando. Cada paciente é diferente, não existe uma única receita
para uma única patologia. Nós temos de tratar os doentes e não as
doenças”.
Ela conta que muitas vezes o paciente já procura os médicos com
matérias impressas, com o seu diagnóstico e a proposta de
tratamento. “Isso é muito constrangedor, porque eu, como
neurologista, faço uma história muito detalhada de tudo que está
acontecendo com o paciente, desde que iniciaram os sintomas, o que
ele já fez para isso, quais são os seus antecedentes e os de seus
familiares. O que menos me interessa é ver o que ele pesquisou,
mas por uma questão de respeito ao paciente eu até leio e teço
comentários sobre aquilo. Às vezes até concordo com alguma coisa,
mas na maioria das vezes não tem nada a ver”.
Por fim, ela dá mais uma dica: “É comum a pessoa ver o resultado
dos seus exames pela internet e quando vê algo diferente da
referência do laboratório já fica apavorada, vai consultar o
Google, faz uma interpretação errônea, chegando a achar que possa
até morrer. Por isso, o ideal seria não olhar os exames, mas sim
levá-los ao médico solicitante que irá checar os resultados e
orientar o paciente”.
Portanto, atente-se de que por mais que haja curiosidade,
preocupação e até mesmo uma busca imediata diante de um sintoma, a
internet não é a fonte mais segura para sanar os seus problemas.
Saiba utilizar a tecnologia disponível a seu favor de forma
consciente, para que assim algo tão valioso não entre em jogo, que
é a sua saúde.
Por Priscilla Silvestre
Fonte: Baboo
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