A circuncisão reduz em 60% o risco de infecção pelo vírus HIV, razão pela qual a Organização Mundial da Saúde (OMS) deve promover a cirurgia em vários países africanos, embora reconheça que não é uma solução definitiva contra a doença. A proposta foi feita nesta terça-feira, 20, em Viena, pelo diretor regional da OMS em Brazzaville (Congo), o David Okello, que disse haver "evidências científicas suficientes para promover a circuncisão como um dos métodos para prevenir a aids".
Okello alertou que a cirurgia, cuja operação custa aproximadamente US$ 50, não é um "preservativo natural" e que a intervenção cirúrgica deve ser acompanhada por um intenso trabalho de esclarecimento, principalmente sobre o uso de preservativos. A organização americana Population Services International (PSI), que faz circuncisões, já operou cerca de 60 mil homens desde 2008 em países africanos como Quênia, Suazilândia, Zâmbia, Botsuana e Zimbábue.
Pesquisas posteriores feitas com 6 mil homens revelaram que a intervenção reduziu o risco de infecção pelo vírus HIV. No entanto, as mulheres mantêm o mesmo risco de exposição à doença se tiverem relações sexuais sem proteção com homens circuncidados. Para Bill Gates, da Microsoft, que também financia uma campanha "o custo de não fazer nada é muito superior ao dos programas de circuncisão".
Para Krishna Yaffo, diretora do PSI para o HIV, se 80% da população masculina da África Oriental e do Sul fizesse a circuncisão, "seria possível evitar, nos próximos 5 anos, cerca de 4 milhões de infecções" até 2025. Alcançar esses resultados representaria, segundo Yaffo, "uma economia de despesas de saúde de US$ 20 bilhões no mesmo período".
A iniciativa não está isenta de polêmica, e a organização americana Intact America (IA) faz coro com os críticos do método. "A promoção da circuncisão masculina promove uma mensagem errônea, cria um sentido equivocado de proteção e expõe as mulheres a mais riscos de se infectar com o HIV", declarou em comunicado a diretora do IA, Georganne Chapin.
"Os homens já fazem fila (na África) para ser circuncidados, acreditando que não precisariam mais usar o preservativo", disse Georganne.
Fonte: http://www.estadao.com.br/
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